sábado, 25 de junho de 2005

Florescer

       É uma menina triste, não coube em suas mãos uma dúzia de flores, então ela caiu entre os humanos. Ela chora, quem sabe suas lágrimas a limpem. Ela brinca, mas já não consegue ser criança...
       Deram-lhe a pedra para pôr no caminho, respiraram seu cabelo de laranja, olharam-na nos fortes olhos perdidos, e ela apenas subiu no seu calendário para espiar através do muro. Mas ainda chora. Olhou de novo para ontem, sorriu de novo entre os porcos, deixou de novo a cabeça pesar sobre o corpo...
Lá vai ela correndo, finge não ver o caminho, sucumbe e cala seus sentimentos. Perde a força, carrega pesos, fica exausta, grita (!) Sua voz é forte e há muito estava encarcerada.
       Ela tirou os sapatos e sentiu a terra e vontade de voar e chamar a chuva. Por alguns instantes, vê-se ela com o corpo deixado num canto., permitindo-se sonhar. O que sonharia, a menina triste? Castelos perfeitos e príncipes encantados? Ou sonharia diferente das meninas felizes?
       Com a voz trêmula, ela canta uma canção e mergulha no próprio ser. Depois de expandir-se ela volta, mas traz consigo uma lança, olha pra todos que esperam (sempre) uma reação. Ela crava a lança no peito
       Espera menina, não faça isso, agora nós te entendemos!!!
       Mas uma serenidade invade seu rosto, e ela dorme, agora com o mesmo sorriso das meninas felizes.

Nanna Carolina