terça-feira, 9 de outubro de 2012
Então, a Deusa pegou sua caneta e me criou.
Em Sua onipotência, não tinha noção do que fazia, e eu saía como palavras cativas, cantadas uma a uma.
Por vezes fui verbo, muitas outras substantivo. Busquei me adjetivar mas no geral não passei de pronome.
Será que o meu fim se dará com o fim de Sua criatividade? Ou será com o fechamento do sentido? Poderá a divina caneta falhar, o papel faltar ou eu ir para um arquivo? E se Ela me amassa, como uma bolinha de papel e vou parar no lixo?
Não importa agora, enquanto ela me escreve. Saem palavras e fluem emoções. E essa sou eu. Palavra da Deusa, interminada e não revisada. Crua.
Me pergunto se a Grande mãe escolhe com cautela os versos que escreve. Se há métrica e rima, ou só verborragia e desabafo. E eu, enquanto obra poética divina que se auto lê (ao menos minimamente), temo não perdoar-lhe os erros de linguagem, pois sou dessas que blasfema junto aos críticos.
Mas não importa. Ou importa de forma mortal, o que dá na mesma.
Por ora, evito articular meu semi-analfabetismo para a Palavra. E quando sou impelida a imitar o divino e crio, escrevo, vomito significados, estou segura de meus erros, pois sei que eles virão e serão parte do sentido.
Nanna Carolina
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