quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

12/04/2006


       Hoje tive aula de filosofia e senti um misto de aflição e alívio.
       Afinal, teremos chance de nos livrar da tal queda de Adão sendo tão perturbados?
       Minhas sensações presentes têm um gosto desagradável. Algo como perdas consecutivas de mim. Além destes malditos vícios e esta enorme aceitação para o que me fere. Parece-me uma névoa sã na densa mata destrutiva e louca. Tenho tanto medo das coisas que gosto, que me escondo no fundo do poço e as vejo passar, satisfeita e desesperada. E desta vez não é ensaio, o erro é em si.
       Não sei se tudo isso é causa ou conseqüência da enorme pressão que sinto. Sei que minha única válvula de escape tem sido a anestesia. E quanto mais guerras declaro aos meus espíritos obsessores, mais guerras perco. Daí sou uma escrava, vencida, vendida, escrota. Mas tenho algo tão puro que me dá pânico. Preciso macular-me por inteiro para que eu não sinta essa enorme vontade de ser o que perdi. Libido. Essa vontade nojenta de salvação faz com que eu me apóie nessa ajudinha mascarada, neste passatempo dos todo-bons. Prefiro me dar bem com meus erros, esconder meus gigantes e fugir do casulo novamente, mas tirem de mim esses olhos que nada entendem do que vêem, eu suplico!
       A vida me parece, às vezes, um órgão de prazer que, se não for devidamente estimulado atrofia. Para não precisar amputar minha vida, tenho apostado nos meus sonhos, para ter prazer. Não esses que temos acordados, pois a altura deles depende tanto dos outros, que nem sei se podemos chamar de sonhos... Mas o mundo onírico, onde os papéis que eu cumpro são assumidamente ilógicos e completamente verdadeiros. As pessoas podem ocupar seu devido lugar, ou seja, passageiros do barco furado em comum, e quando acordo, tenho muito mais significados para trabalhar do que em horas de conversa com muita gente. Acho que estou virando uma Eremita.   




Nanna Carolina

2 comentários:

  1. Caramba Nana, nem sabia q vc escrevia. Tá de parabens flor!

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    1. Ih, gosto um pouco... tem coisa aí que escrevi naquela época... da uma olhada depois. Bj

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