quarta-feira, 6 de junho de 2012

Varrida




Sim, Senhora confusão! 

Tu, que andastes todos esses anos ao meu lado, sem reclamar bons tratos ou velas. 

Tu, que me mostrastes a todo instante a invalidez de meu ego, o descompasso do meu tic-tac e os limites do não-limite. 

No entanto és maldita. Afastas-me do que digo ser eu e do que digo dizer. 

És feia, Dama Caótica, apesar de ser em seus braços que ganho forças. 

O que me dizes me devolve a lucidez genuína, mas tua fala é desafinada e a prefiro calada. 

A certeza da tua vinda não me incomoda mais, reconheço em ti a beleza dos autênticos. 

Seu silêncio não me é mais segredo e não vou chorar por tua cara amarga. 

No entanto, peço que bata à porta antes de entrar. 

Não para que eu me prepare melhor para tua onipresença repentina. Mas para que não me pegues a te adorar em segredo...




Nanna Carolina

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