segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

Segunda Freira

       Me sinto cobaia de um deus puto que, além de tudo, eu tenho que puxar o saco, senão ele castiga. Estou com vontade de tomar umas atitudes, mas acho que vou acabar ficando sentada por aqui, olhando esses retratos e tendo recordações. Estou me aprontando para minha crucificação, já me vesti de dor e vou cumprir todo esse ritual sádico que todos gostam tanto de ver. Do lado de cá dos meus olhos de chuva ácida passam algumas poesias, mas acho que essas coisas não combinam com esse mundo. Vejo um monte de pré-defuntos vagando, não são nada além de um pacote pronto, mas, mesmo assim, julgam ter cumprido os “doze trabalhos”. E o mundo fervilhando de pendências.
       Existem coisas que me parecem óbvias e incrivelmente abandonadas. Às vezes sinto saudades de quando eu aprendia a crescer e achava que realmente havia algo depois de virar a esquina. Estou viciada em mundos fictícios de várias formas. Às vezes até me fazer de vítima me faz bem, mas, neste caso, o que impera é sentimento de outro metiê.
       Algumas músicas que ouço me dão uma grande vontade estranha por dentro. Nessas horas percebo as prisões que estou e quais eu gosto. Vejo a força desperdiçada.
       Se o dia que vier não se vingar de mim, vou rir outra vez desse meu medo. Agora sinto uma entrega da minha parte que forma um imenso não ter o que dizer.

Nanna Carolina 

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